segunda-feira, 30 de abril de 2007

Tempo...



Paulo Coelho, no livro “Onze minutos”, diz que o tempo nos é dado, no entanto, nós vendemo-lo. Quando um dia precisarmos realmente dele, não há possibilidade de nos ser devolvido. No entanto, o que fazemos com ele? Será que o usamos no que é realmente importante? A grande maioria das vezes NÃO! Passamos grande parte da nossa vida a tentar enganar o tempo: “esticamos” uma tarefa para que não nos seja atribuída uma segunda; adiantamos o relógio para termos a ilusão que ganhamos tempo; reclamamos quando predefinimos um horário para fazer algo e, por alguma razão não o conseguimos cumprir (mesmo quando a razão é o facto de estarmos a fazer algo que é importante para nós); inventamos desculpas para ficarmos a ver Tv., ou a jogar computador.

O tempo é, também, uma óptima desculpa: “Não vou a esse retiro, porque NÃO TENHO TEMPO.”; “O TEMPO passa rápido e ando sempre a correr, quando me deito adormeço antes mesmo de começar a rezar.”, “Não posso ir ter com a minha família, porque tenho um trabalho para entregar e não tenho TEMPO.”, …

TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO, …
No entanto quase que aposto, (e por mim começo) que as coisas que deixamos para trás são as que realmente nos interessam, que nos são mais importantes: Deus, a família, os amigos, o namorado, os filhos, … em contraposição esbanjamos o nosso “precioso” tempo com coisas que não nos dizem, ou não deveriam dizer, nada como a televisão, a Internet, os jogos, o “Carpe Idem”, o “Dolce farie niente”!

É como se fossemos um atleta e tivéssemos que correr a maratona. Passámos anos a treinar, investimos esforço, dedicação, esperança, e sim, tempo. No dia da corrida temos milhares de pessoas a assistir, a apoiar-nos, pessoas que estão a investir a sua esperança, o seu esforço e sim, o seu tempo, porque acreditam em nós, acreditam que não os vamos desiludir.

É dada a partida e começamos a correr, o nosso esforço, o treino e todos os sacrifícios que fizemos durante os últimos anos começam a dar fruto, estamos em primeiro, com um avanço histórico. E, então penso, já que estou em primeiro, vou aproveitar este tempo. Com os treinos e todas as imposições, já não me sento e leio há muito tempo, por isso, vou aproveitar agora. Então sento-me na berma e começo a ler.
Quando volto a mim, quando saio da ficção e volto à realidade, vem uma equipa de socorro na minha direcção. Contam-me, então, que a corrida acabou há horas e, como não tinham nenhuma notícia minha, vieram resgatar-me.

É assim que nos comportamos na maratona da vida, na maratona da Fé.

Os nossos pais, avós, padrinhos, …, iniciam o nosso treino antes mesmo de termos consciência disso, mais tarde, somos nós quem aceita a responsabilidade de continuar esse treino, passa a ser o nosso objectivo e não o deles, e assumimo-lo perante toda uma plateia de gente. Somos nós quem Lhe pede que nos adopte e nos treine. Quando já vamos longe (pensamos nós) paramos, esquecemo-nos do quanto Ele nos ajudou, no quanto Ele investiu (o Seu amor, a Sua compreensão, e sim, o Seu TEMPO) esquecemo-nos que Ele está lá, no primeiro banco da primeira bancada, com um grande cartaz, a apoiar-nos. Mas nós esquecemos tudo isso e paramos.

A corrida acaba. Passa uma hora, duas, três, quatro, … e ninguém nos vê, ninguém sabe onde estamos, o que aconteceu, … deduzem, por isso que ficámos pelo caminho, que não fomos capazes de continuar. É Ele quem lidera a equipa de salvamento e, quando nos encontra calmos, meio sonolentos, de livro na mão e cara pateta, é Ele quem nos aconchega e conforta. É Ele quem nos diz “Para a próxima vai ser diferente, vais conseguir, vais ganhar! Para a próxima, cortas a meta. Está tudo bem, Eu estarei sempre ao teu lado.”

De cada vez que Ele me alcança e me aconchega, penso que não mereço, penso que Ele me deveria abandonar, desistir. Se eu estivesse no lugar d'Ele desistia de mim! Mas também sei que ELE JAMAIS O FARÁ! Ele nunca desistirá de mim, de ti, de todos e de cada um de nós. Por isso, estou de volta aos treinos para que não haja uma próxima desilusão. Para que possa chegar cada vez mais longe.

Embora não me aperceba é isto que faço com o meu tempo a maior parte das vezes: esbanjo-o com coisas pouco importantes, e o que é MESMO importante é esquecido.

Neste momento sinto-me infinitamente contente, porque nós dedicámos o nosso tempo a algo importante. Eu e o meu Treinador (todos vocês o conhecem, é o mesmo que o vosso) escrevemos este texto para vós, a pedido de um grande amigo!

Boa sorte para a vossa maratona!!!

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