Paulo Coelho, no livro “Onze minutos”, diz que o tempo nos é dado, no entanto, nós vendemo-lo. Quando um dia precisarmos realmente dele, não há possibilidade de nos ser devolvido. No entanto, o que fazemos com ele? Será que o usamos no que é realmente importante? A grande maioria das vezes NÃO! Passamos grande parte da nossa vida a tentar enganar o tempo: “esticamos” uma tarefa para que não nos seja atribuída uma segunda; adiantamos o relógio para termos a ilusão que ganhamos tempo; reclamamos quando predefinimos um horário para fazer algo e, por alguma razão não o conseguimos cumprir (mesmo quando a razão é o facto de estarmos a fazer algo que é importante para nós); inventamos desculpas para ficarmos a ver Tv., ou a jogar computador.
O tempo é, também, uma óptima desculpa: “Não vou a esse retiro, porque NÃO TENHO TEMPO.”; “O TEMPO passa rápido e ando sempre a correr, quando me deito adormeço antes mesmo de começar a rezar.”, “Não posso ir ter com a minha família, porque tenho um trabalho para entregar e não tenho TEMPO.”, …
TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO, …
No entanto quase que aposto, (e por mim começo) que as coisas que deixamos para trás são as que realmente nos interessam, que nos são mais importantes: Deus, a família, os amigos, o namorado, os filhos, … em contraposição esbanjamos o nosso “precioso” tempo com coisas que não nos dizem, ou não deveriam dizer, nada como a televisão, a Internet, os jogos, o “Carpe Idem”, o “Dolce farie niente”!
É como se fossemos um atleta e tivéssemos que correr a maratona. Passámos anos a treinar, investimos esforço, dedicação, esperança, e sim, tempo. No dia da corrida temos milhares de pessoas a assistir, a apoiar-nos, pessoas que estão a investir a sua esperança, o seu esforço e sim, o seu tempo, porque acreditam em nós, acreditam que não os vamos desiludir.
É dada a partida e começamos a correr, o nosso esforço, o treino e todos os sacrifícios que fizemos durante os últimos anos começam a dar fruto, estamos em primeiro, com um avanço histórico. E, então penso, já que estou em primeiro, vou aproveitar este tempo. Com os treinos e todas as imposições, já não me sento e leio há muito tempo, por isso, vou aproveitar agora. Então sento-me na berma e começo a ler.
Quando volto a mim, quando saio da ficção e volto à realidade, vem uma equipa de socorro na minha direcção. Contam-me, então, que a corrida acabou há horas e, como não tinham nenhuma notícia minha, vieram resgatar-me.
É assim que nos comportamos na maratona da vida, na maratona da Fé.
Os nossos pais, avós, padrinhos, …, iniciam o nosso treino antes mesmo de termos consciência disso, mais tarde, somos nós quem aceita a responsabilidade de continuar esse treino, passa a ser o nosso objectivo e não o deles, e assumimo-lo perante toda uma plateia de gente. Somos nós quem Lhe pede que nos adopte e nos treine. Quando já vamos longe (pensamos nós) paramos, esquecemo-nos do quanto Ele nos ajudou, no quanto Ele investiu (o Seu amor, a Sua compreensão, e sim, o Seu TEMPO) esquecemo-nos que Ele está lá, no primeiro banco da primeira bancada, com um grande cartaz, a apoiar-nos. Mas nós esquecemos tudo isso e paramos.
A corrida acaba. Passa uma hora, duas, três, quatro, … e ninguém nos vê, ninguém sabe onde estamos, o que aconteceu, … deduzem, por isso que ficámos pelo caminho, que não fomos capazes de continuar. É Ele quem lidera a equipa de salvamento e, quando nos encontra calmos, meio sonolentos, de livro na mão e cara pateta, é Ele quem nos aconchega e conforta. É Ele quem nos diz “Para a próxima vai ser diferente, vais conseguir, vais ganhar! Para a próxima, cortas a meta. Está tudo bem, Eu estarei sempre ao teu lado.”
De cada vez que Ele me alcança e me aconchega, penso que não mereço, penso que Ele me deveria abandonar, desistir. Se eu estivesse no lugar d'Ele desistia de mim! Mas também sei que ELE JAMAIS O FARÁ! Ele nunca desistirá de mim, de ti, de todos e de cada um de nós. Por isso, estou de volta aos treinos para que não haja uma próxima desilusão. Para que possa chegar cada vez mais longe.
De cada vez que Ele me alcança e me aconchega, penso que não mereço, penso que Ele me deveria abandonar, desistir. Se eu estivesse no lugar d'Ele desistia de mim! Mas também sei que ELE JAMAIS O FARÁ! Ele nunca desistirá de mim, de ti, de todos e de cada um de nós. Por isso, estou de volta aos treinos para que não haja uma próxima desilusão. Para que possa chegar cada vez mais longe.
Embora não me aperceba é isto que faço com o meu tempo a maior parte das vezes: esbanjo-o com coisas pouco importantes, e o que é MESMO importante é esquecido.
Neste momento sinto-me infinitamente contente, porque nós dedicámos o nosso tempo a algo importante. Eu e o meu Treinador (todos vocês o conhecem, é o mesmo que o vosso) escrevemos este texto para vós, a pedido de um grande amigo!
Boa sorte para a vossa maratona!!!
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